O Tutor (parte 2)

Outras funções pedagógicas do tutor

É muito importante também que o tutor oriente seus estudantes nas atividades do curso, elaboradas com o intuito de ampliar seus conhecimentos, tanto individuais quanto coletivos. Muitas vezes os alunos precisam de ajuda no que diz respeito ao tempo de dedicação necessário aos estudos on-line e off-line, assim como na elaboração e cumprimento de um cronograma de estudo.
Também é importante colaborar com os alunos ainda no que diz respeito aos conteúdos curriculares, não apenas respondendo perguntas, mas levando-os a refletirem sobre os temas e ajudando-os a encontrarem as respostas que precisam.
Ainda como parte da atividade de orientação pedagógica, é necessário avaliar o processo de aprendizagem de seus estudantes, incluindo seus progressos e dificuldades. Sobre o tema avaliação, destacamos: o papel formativo que a avaliação deve exercer, reorientando a trajetória de aprendizagem dos estudantes quando necessário; o uso de instrumentos variados de avaliação (atividades individuais e coletivas, debates em fórum etc.); o estabelecimento de critérios bem definidos de avaliação; e a divulgação dos resultados.
Toda a ação tutorial é orientada por uma concepção pedagógica na qual o sistema de EaD está estruturado. Uma vez inseridos nesse processo, os estudantes precisam conhecer como o sistema se configura e em que abordagem se fundamenta (se numa abordagem mais diretiva ou não-diretiva). Caberá ao tutor deixar claro para os estudantes a metodologia do curso, mantendo o foco em sua linha de ação.

Habilidades necessárias ao exercício da tutoria

Até bem pouco tempo, acreditava-se que era do professor a responsabilidade de transmitir todos os conteúdos de um curso aos seus alunos. O currículo era rígido e o processo educacional, único: o aluno aprende se, e somente se, o professor ensina. Nessa situação, os alunos dependiam de exposições verbais do professor para darem prosseguimento aos seus estudos, além da indicação de bibliografias, esclarecimento de dúvidas etc.
A própria formação do professor era prevista desde o início de suas carreiras e, em geral, os conteúdos aprendidos compunham um corpo de conhecimentos total e suficiente para que ele exercesse sua profissão ao longo de toda a vida.

No entanto, para trabalhar com EaD, é fundamental para o tutor desenvolver os conhecimentos em conjunto com os estudantes, ao invés de dominar e dirigir o processo educacional. Esta atitude revela-se na colaboração com eles durante a descoberta e o aprofundamento de novos conceitos, em atividades de pesquisa, debates e trocas de saberes. É preciso incentivar a autonomia dos estudantes, tornando-os sujeitos ativos que realizam sua própria aprendizagem.
Belloni (2001) faz referência a diferentes dimensões da formação do tutor: dimensão pedagógica, tecnológica e didática. Nessas áreas, o tutor deve atualizar-se constantemente, pensando em uma formação continuada que o capacitará a exercer sua profissão em sintonia com as pesquisas mais recentes e inovações de sua área.

Áreas de formação do tutor

PEDAGÓGICA: Envolve os conhecimentos sobre teorias de aprendizagem e ciências cognitivas, que permitem compreender a maneira como os alunos aprendem melhor e como ajudá-los a desenvolver a aprendizagem autônoma, o senso crítico e um interesse por pesquisa.

TECNOLÓGICA: Representa as afinidades com o manuseio de meios técnicos, tanto para a elaboração dos materiais didáticos quanto para a divulgação desses materiais entre os alunos, metodologias de uso e processo de avaliação. No trabalho com a tecnologia, é preciso encontrar um ponto de equilíbrio, pois tanto o deslumbramento quanto a resistência pode prejudicar os encontros de aprendizagem de quem trabalha com EaD.

DIDÁTICA: Diz respeito à formação específica na área de conhecimento em que pretende atuar. É importante conhecer as últimas pesquisas desenvolvidas dentro desta área, como ter acesso a publicações recentes sobre temas relacionados e em que suporte tecnológico esses materiais estão sendo divulgados.

HABILIDADES PESSOAIS DO TUTOR

- Habilidade comunicacional: o tutor precisa desenvolver sua capacidade dialógica, tanto para construir materiais didáticos quanto para promover um canal livre de comunicação com os alunos. Estes precisam sentir abertura para iniciar uma conversa com seu tutor, nele encontrando apoio durante todo seu processo educacional.
- Habilidade para trabalhar em equipe: uma vez que suas responsabilidades como tutor são muitas, será necessário que você desenvolva suas atividades em parceria com outros profissionais. Além disso, a própria atuação em um curso à distância constitui um trabalho de equipe entre todos os atores envolvidos: tutores, alunos, coordenação pedagógica, profissionais técnicos, etc.
- Habilidade para se atualizar constantemente: o tutor precisa passar por uma formação compatível com a área em que irá atuar, mas não somente isso. Precisará desenvolver seu espírito científico para pesquisar inovações tanto em sua área específica de conhecimento, quanto em tecnologia. É o que se costuma chamar de formação continuada ou formação ao longo da vida.

Portanto, para exercer o papel de orientador do processo de aprendizagem, será requerido parte do tutor uma reflexão constante sobre sua prática pedagógica, que envolverá um grande esforço para que obtenha os melhores resultados na parceria educacional com os estudantes (Almeida, 2003). Essa reflexão deverá estar pautada em um bom planejamento de sua atuação, auto-avaliação criteriosa e compreensão de seus saberes e crenças docentes, para que os avanços no exercício da tutoria possam ser sentidos, especialmente pelos estudantes. É papel do tutor também tornar o ambiente do curso prazeroso e instigador. Sua participação é muito importante no sentido de desenvolver estratégias de atuação que podem ajudar a provocar avanços na aprendizagem do aluno.

Autor: Prof. Dr. Fernando Lincoln Carneiro Leão Mattos
Colaboradores: Prof. Dr. José Aires de Castro Filho, Profa. Ms. Priscila Barros David e Profa. Ms. Silvania Maria Maia